10/10/2009

MST x CUTRALE

Não sou partidário, já deixei isso claro aqui certa feita. Não o sou por inúmeros motivos mas quase todos são sinônimos entre si: CONFIANÇA. Não confio no partido como instituição idônea muito embora confie em membros de partido. Sim, muitos políticos são confiáveis. é como eu sempre costumo dizer: Eu confio em um homem honesto mas eu duvido da honestidade do todo.
Bom, digo isso aqui porque eu venho acompanhando política há 15 anos dos meus 28, o que é uma bagagem considerável para discussão e discernimento sólido. Portanto posso saborear e digerir conscientemente determinados fatores que assolam meu belo país sem me preocupar com a opinião alheia já eu eu sou formador de uma opinião.
Quero colocar aqui em pauta o caso CUTRALE na qual diversos veículos da mídia acusa o MST de praticar atos criminosos, invasão ilegal e até ataque terrorista como visto na reportagem da veja desta sexta 09/10/2009.  Ok, vamos aos fatos.
O que a mídia convencional defende é que um grupo de Sem Terra invade a fazenda Santo Henrique em São Paulo de forma ilegal pois esta mesma propriedade alega-se pertencer à CUTRALE, que segundo pesquisas é uma das maiores indústria de suco de laranja do país.
"É esta perigosa simbiose entre a violência do movimento e a leniência do governo que proporciona espetáculos grotescos como o da semana passada, quando integrantes do MST invadiram a fazenda Santo Henrique, em São Paulo, de propriedade da Cutrale, a maior produtora de sucos de laranja do país. Alegando que a propriedade da terra estava em litígio, 250 famílias sem-terra ocuparam o local."
(Veja 09/10/2009)


Outro fato importante é que  o mesmo veículo citado acima acusa o INCRA (órgão do governo) de "malandragem" pois  no começo do caso segundo Veja o citado órgão teria confirmado que a posse da fazenda estava em discussão na justiça para que os advogados da CUTRALE conseguissem a integração de posse de forma eficiente. Observe:


"No começo, o Incra confirmou que a posse da fazenda estava em discussão na Justiça, o que impediu o advogados da Cutrale de conseguir rapidamente a integração de posse. Pura malandragem. A propriedade da fazenda já foi discutida na Justiça, mas o Incra perdeu o processo – e, evidentemente, sabia disso. Quando os juízes descobriram o estratagema do MST e de seus comparsas no Incra, era tarde demais."
(Veja 09/10/2009)


Impressionante! Bom, o outro fato é que os Sem Terra teriam destruído 10 mil pés de laranja, roubaram 45 toneladas de produtos agrícolas e usurparam 12 mil litros de diesel.


"Os sem-terra haviam devastado a fazenda. Os vândalos destruíram 10 mil pés de laranja, roubaram 45 toneladas de produtos agrícolas e sumiram com 12 mil litros de diesel. Para completar o serviço, quebraram 28 tratores. A empresa calculou os prejuízos em 3 milhões de reais. A ação foi tão repugnante que até a cúpula do governo Lula, incluindo o Incra, veio a público condená-la. "A minha reação é de indignação. Não tem razão para isso", disse Rolf Hackbart, o presidente do Incra. No Congresso, reavivaram-se os debates para a criação de uma CPI destinada a investigar o MST."
(Veja 09/10/2009)


Não bastasse, a Veja ainda impõe um clima de estado de sítio como se uma guerrilha tivesse ocupado a região amedrontando os moradores locais com histórias de terror.


Veja aqui o restante da reportagem.


Agora, analisando do outro lado. Com a voz Gilmar Mauro ( integrante da coordenação nacional do MST, ) escrevendo à Caros Amigos :







"As laranjas e o show

Por Gilmar Mauro


Na região de Capivari, interior de São Paulo, quando alguém exagera, tem uma expressão que diz: "Pare de Show!"


É patético ver alguns senadores(as), deputados(as) e outros tantos "ilustres" se revezarem nos microfones em defesa das laranjas da Cutrale. Muitos destes, possivelmente, já foram beneficiados com os "sucos" da empresa para suas campanhas, ou estão de olho para obter "vitaminas" no próximo pleito. Mas nenhum deles levantou uma folha para denunciar o grande grilo do complexo Monções. As laranjas, e não poderia ser planta melhor, são a tentativa de justificar o grilo da Cutrale e de outras empresas daquela região. Passar por cima das laranjas é passar por cima do grilo e da corrupção que mantém esta situação há tanto tempo.


Não é a primeira vez que ocupamos este latifúndio. Eu mesmo ajudei a fazer a primeira ocupação na região, em 1995, para denunciar o grilo e pedir ao Estado providências na arrecadação das terras para a Reforma Agrária. Passados quase 10 anos, algumas áreas foram arrecadadas e hoje são assentamentos, mas a maioria das terras continua sob o domínio de grandes grupos econômicos. E mais, a Cutrale instalou-se lá há 4 ou 5 anos, sabendo que as terras eram griladas e, portanto, com claro interesse na regularização das terras a seu favor. Para tanto, plantou laranjas! Aliás, parece ter plantado um laranjal em parte do Congresso Nacional e nos meios de comunicação. O que não é nenhuma novidade!


Durante a nossa marcha Campinas-São Paulo, realizada em agosto, um acidente provocou a morte da companheira Maria Cícera, uma senhora que estava acampada há 9 anos lutando para ter o seu pedaço de terra e morreu sem tê-lo. Esta senhora estava acampada na região do grilo, mas nenhum dos ilustres defensores das laranjas pediu a palavra para denunciar a situação. Nenhum dos ilustres fez críticas para denunciar a inoperância do Executivo ou Judiciário, em arrecadar as terras que são da União para resolver o problema da Dona Cícera e das centenas de famílias que lutam por um pedaço de terra naquela região, e das outras milhares de pessoas no país.


Poucos no Congresso Nacional levantam a voz para garantir que sejam aplicadas as leis da Constituição que falam da Função Social da Terra:
a) Produzir na terra;
b) Respeitar a legislação ambiental e
c) Respeitar a legislação trabalhista.
Não preciso delongas para dizer que a Constituição de 1988 não foi cumprida. E muitos falam de Estado Democrático de Direito! Para quem? Com certeza estes vêem o artigo que defende a propriedade a qualquer custo. Este Estado Democrático de Direito para alguns poucos é o Estado mantenedor da propriedade, da concentração de terras e riquezas, de repressão e criminalização para os movimentos sociais e para a maioria do povo.


Para aqueles que se sustentam na/da "pequena política", com microfones disponíveis em rede nacional, e acreditam que a história terminou, de fato, encontram nestes episódios a matéria prima para o gozo pessoal e, com isso, só explicitam a sua pobreza subjetiva. E para eles, é certo, a história terminou. Mas para a grande maioria, que acredita que a história continua, que o melhor da história sequer começou, fazem da sua luta cotidiana espaço de debate e construção de uma sociedade mais justa. Acreditam ser possível dar função social à terra e a todos os recursos produzidos pela sociedade. Lutam para termos uma agricultura que produza alimentos saudáveis em benefício dos seres humanos sem devastação ambiental. Querem e, com certeza terão, um mundo que planeje, sob outros paradigmas que não os do lucro e da mercadoria, a utilização das terras e dos recursos naturais para que as futuras gerações possam, melhor do que hoje, viver em harmonia com o meio ambiente e sem os graves problemas socias.


A grande política exige grandes homens e mulheres, não os diminutos políticos - não no sentido do porte físico - da atualidade; a grande política exige grandes projetos e uma subjetividade rica - não no sentido material - que permita planejar o futuro plantando as sementes aqui e agora. Por mais otimista que sejamos, é pouco provável visualizar que "laranjas" possam fazer isso. Aliás, é nas crises, é nos conflitos que se diferencia homens de ratos, ou, laranjas de homens."


Agora meus amigos, fica no ar o clima shakespereano criado pela mídia conservadora. Quem está certo nessa cena que nem Shakespeare teria escrito tão bem?


2 comentários:

  1. A imagem ficou ótima!
    Excelente trabalho, parabéns, chapeleiro louco.

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  2. sou contra mst tem que trabalhar para conseguir terra porque querem de mao beijada

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